As Mudanças Climáticas no Rio Grande do Sul e no resto do Brasil possuem relação com a forma de vida que levamos? Neste artigo, você verá uma entrevista exclusiva com o especialista Beqson Luzini sobre os desafios e soluções sustentáveis para adotarmos daqui para a frente.
Beqson Luzini tem 25 anos de experiência em Segurança Pública e é Gestor Ambiental. Ele também é pós-graduado em Licenciamento Ambiental e Segurança Pública. Atualmente estuda Neurociência e Programação Neurolinguística.
Nesta entrevista, Beqson compartilha suas percepções sobre as mudanças climáticas e a sustentabilidade no Brasil e no mundo.
1. Como as pessoas estão lidando com as mudanças climáticas no país?
“Todos somos responsáveis de certa forma pelo que está ocorrendo no nosso planeta. No entanto, neste momento específico, entendo que a grande massa populacional do mundo está refém das grandes empresas petrolíferas, setores produtivos industriais, governantes, entre outros. Pouco podem fazer para que essa mudança ocorra de forma mais acentuada.
No Brasil, independentemente da classe econômica, a população está sentindo os efeitos das mudanças climáticas como nunca antes.
No Nordeste, as áreas áridas e semiáridas sofrem com a diminuição dos recursos hídricos, especialmente a recarga dos lençóis freáticos, que pode diminuir em 70% até 2050 comparado à década de 1960. Na região Norte, observamos aumento da temperatura e secas históricas.
No Centro-Oeste, o cerrado também sofre, com a perda estimada de até 45% das espécies de plantas se a temperatura subir mais um grau. No Sudeste e Sul, altas temperaturas e chuvas torrenciais causam deslizamentos, vitimando muitas pessoas e prejudicando o desenvolvimento econômico e social.”
2. Quais são os desafios para as pessoas fazerem escolhas mais sustentáveis?
“Os desafios são inúmeros, destacando-se os aspectos sociais, econômicos e culturais do nosso país.
Atualmente, temos 86% de saneamento básico no Brasil, mas apenas metade funciona corretamente. Isso representa cerca de 100 milhões de brasileiros que vivem sem ou com saneamento básico precário.
Será que esse indivíduo tem como opção fazer escolhas mais sustentáveis?
A mudança da nossa matriz energética ainda é muito cara, tornando-se inviável para grande parte da população. Somos o país que mais desperdiça água tratada, cerca de 40% do que é captado da natureza é tratado e jogado fora. Culturalmente, não temos a sustentabilidade como princípio, mas estamos caminhando lentamente nessa direção, embora sofrendo os impactos.”
3. Como podemos melhorar a educação sobre mudanças climáticas para promover escolhas mais verdes?
“Essa mudança é lenta e, por vezes, dolorosa.
Educação ecológica desde a formação das crianças nas escolas, programas governamentais que incentivem boas práticas sustentáveis, reciclagem de resíduos, promoção da logística reversa, e consumo de empresas comprometidas com a diminuição do dano ao meio ambiente são essenciais.”
4. Quais são as maiores barreiras para políticas governamentais eficazes contra as mudanças climáticas?
“As maiores barreiras são econômicas. O lobby das poderosas petrolíferas, que são as maiores emissoras de dióxido de carbono, é um enorme obstáculo. Essas empresas financiam campanhas políticas, o que cria uma condição desfavorável para mudanças significativas a curto prazo.”
5. Qual o papel da mídia na conscientização sobre as mudanças climáticas? Como identificar notícias verdadeiras e não fakes?
“O papel da mídia é crucial, mas a população está refém das grandes mídias patrocinadas por empresas que geram grandes impactos ambientais negativos e governos que não querem investir em mudanças. Temos uma pequena parcela da mídia que faz um bom trabalho, mas ainda não consegue criar uma consciência coletiva sobre as mudanças necessárias.”
6. Como podemos incentivar mudanças de comportamento em larga escala para reduzir a pegada de carbono?
“Programas governamentais que impactem diretamente as grandes petrolíferas e parques industriais são essenciais. A população pode colaborar separando resíduos, reciclando, investindo em energias renováveis, economizando água e comprando produtos com selos verdes.”
7. Quais são as oportunidades econômicas na transição para uma economia mais verde?
“As oportunidades são inúmeras. O Brasil responde por 10% dos empregos verdes no mundo, ficando atrás apenas da China. No setor de energias renováveis, estima-se que até 2030 possam ser gerados cerca de 38,2 milhões de empregos no mundo, quase 4 milhões no Brasil.”
8. Como garantir que as comunidades mais vulneráveis sejam incluídas nas discussões sobre mudanças climáticas?
“As comunidades vulneráveis enfrentam problemas urgentes, como fome e desnutrição, que impedem uma vida digna. É importante inseri-las no debate sobre mudanças climáticas, mas priorizando a resolução de suas demandas fundamentais. Isso inclui acesso a saneamento básico, água limpa e educação, que são essenciais para uma consciência ecológica.”
9. Quais são os passos práticos que as pessoas podem tomar para serem mais sustentáveis?
“A separação de resíduos domésticos, coleta seletiva, investimento em energia renovável, economia de água, e consumo de produtos de empresas comprometidas com questões ambientais são passos essenciais. Também é importante investir em educação ambiental e se engajar em projetos sustentáveis.”
10. O que você pensa sobre o movimento Clean Beauty?
“É uma tendência de mercado crescente no mundo e no Brasil, impulsionada por profissionais como Kacau Diaz. Esse movimento, ligado ao mercado verde, está em ascensão, apesar das dificuldades na busca de insumos e empresas que atendam aos pré-requisitos. O cenário é promissor devido ao apelo ecológico e aos benefícios para o usuário e o meio ambiente.”
Conclusão:
A entrevista com Beqson Luzini destaca a urgência de enfrentar as mudanças climáticas de maneira integrada e prática.
Desde políticas governamentais até ações individuais, cada passo é crucial para um futuro sustentável.
As valiosas percepções de Beqson mostram que, apesar dos desafios, há inúmeras oportunidades e soluções ao nosso alcance. Ao adotar práticas sustentáveis e conscientizar-se sobre a importância da preservação ambiental, podemos construir um mundo melhor para as futuras gerações.
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